sexta-feira, 13 de novembro de 2009

GLAY

Resgatando textos gauchescos.


Gaudério mateando.

16 comentários:

APOSENTADO disse...

GLAY:

Já que voce me dedicou uma, mando outra em resposta.

Essa noite até sonhei com mate e ensopadode ovelha...rsrsrs

Bochincho
Autoria: Jayme Caetano Braun

A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quireral.

Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.

No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!

Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.

Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!

APOSENTADO disse...

continuação:


A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!

Mas o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina,
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto,
Mais sério do que um capincho!

E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde,
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!

Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça - não creia,
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!

O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada,
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!

Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura,
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!

É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando - de toda guela,
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora,
Levando tudo por diante!

Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos - se eu disser,
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro - alheio a tudo,
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!

E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
- Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta - de repente,
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...

E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!

E a china - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!

E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande - por aí,
No rodeio das alçadas,
Ou - talvez - nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!

Chima disse...

Glay: Muito linda a poesia.
Como você é um pouquinho maior do que eu, levarei um banquinho e um "Frasco de Vitess" para que passes na orelha e dar-tei aquêle abraço rosqueado e bem apertado por trás.
Lá na Lapa,aonde aprendi a tomar Chima, assim que nós tratava-mos a gauchada que aparecia por lá.

Glay disse...

Chinoca gringa, peque os apetrechos
E vá pra sanga tomar o teu banho
Envolva a água com teu doce cheiro
Lave o gosto com o qual me assanho
Estou findando a lida da ordenha
Daqui a pouquinho já te acompanho

Qual o lírio branco sob a lua-cheia
Carnes desnudadas, folhas de alecrim
Com fundo escuro, a verde pampa
Gotas de espuma brilhando assim
Deusa-menina que meus olhos tragam
Ares noturnos te trazem pra mim

Depois da bóia com lume de vela
Deito à sombra do teu leve abraço
E o teu perfume flor-de-laranjeira
Cala em meu peito forçando o compaso
Do coração que ânsia a calmaria
Da tempestade que fazem teus traços
Seios dourados qual trigo ao sol
E eu, gato manso de olhar esguio
Fito os trajeitos deste namoro
Com gestos rudes te tomo macio
Adulo o colo do amor que é meu
Chinoca gringa te quero no cio.

glay disse...

China loiro: no dicionario gauches quer dizer chinoca,prenda, moçoila ou guria. essa poesia vai pra vc China loiro . um grande abrço companheiro velho de guerra.

Glay disse...

Chineis naum fique brabo porque tudo nao passe de trova.

Cafú disse...

Êta gaúcho pilchado,tchê!!!!

Chima disse...

Sei que tudo não passa de trovas.
Podemos matear e trocar firulas com todos êles.
Tenho o mesmo sangue Pampeiro que tu, porque somos da mesma linhagem Guapo Véio.
Sou o Chinês Loiro porque tenho olhos de lince e os cabelos loiros tingidos pelo Rio da Prata.
Pecado de puro homem que acalenta as moçoilas da praça.

Armando disse...

Q beleza

a gauchada ta se manifestando...
gostei tb do espinhaço de ovelha..rsss...tem q sair no estilo dos pampas...é coisa boa.
Abraçso e Beijos.

Armando disse...

Bom dia a todos...
Vamos matear?
Teremos sábado de sol em Curiitba...
Abraços e Beijos

Chris Romano disse...

Armando, por que acorda tao cedo no sabado?

Armando disse...

Normalmente acordo cedo, até no sabado.....rsss

Cassou disse...

Chris ... na verdade ele está chegando a essa hora rssss !!!
Beijo

Chris Romano disse...

Uau!!!!! ta com toda a bola !!!!!

Armando disse...

Oi Cassou,

anda sumido...
Foi-se o tempo q eu chegava as 6 da matina..rsss
agora acordo cedo mesmo..rs
Grande Abraço...

Cassou disse...

Oi Armando

Ando viajando muito mas não esqueço do Blog não rsss !!!
Abraço